Projeto “Cãoterapia” é iniciado no HEC e HCC

Na tarde desta terça-feira, 28 de dezembro, a partir das 14h00, a cachorrinha Lessie visitou as dependências do Hospital Emílio Carlos (HEC) e Hospital de Câncer de Catanduva (HCC).

O projeto, denominado “Cãoterapia” e iniciado hoje, será realizado mensalmente tendo como objetivo modificar a rotina hospitalar, deixando o ambiente mais alegre. Por onde Lessie passava, os pacientes e colaboradores sorriam, surpresos, e puderam passar a mão e tirar fotos com a amiga de quatro patas.

O projeto está sob a responsabilidade dos membros do Comitê Hospital Amigo do Idoso do HEC, do Grupo de Trabalho de Humanização da FPA e Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH).

A assistente social Maria Aparecida Batista Nacci informa que o objetivo é criar laços entre o paciente e um animal como parte integrante do processo de recuperação, promovendo o bem-estar físico e emocional dos pacientes. “A terapia assistida por animais (TAA) é uma prática com critérios específicos onde o animal é a parte principal do tratamento, objetivando promover a melhora social, emocional, física e/ou cognitiva de pacientes humanos, pois auxilia no tratamento de diversas patologias, como síndromes genéticas, hiperatividade, depressão, mal de Alzheimer, lesão cerebral, entre outras”, completa Maria.

A assistente social ressaltou que a Terapia Assistida por Animais é supervisionada por profissionais da saúde devidamente habilitados e praticada por profissionais e voluntários devidamente treinados. O cão tem acompanhamento de médico veterinário, garantindo o bom estado sanitário e minimizando o potencial zoonótico. O tutor do animal promoveu capacitação prévia para os colaboradores antes do início do projeto no hospital, assim como o cão tomou banho antes e tomará depois da visita, garantindo a saúde e eliminando microrganismos de origem hospitalar da pelagem.

Para participar do projeto foi verificada a carteira vacinal do cão (V8/V10, raiva, giardia, tosse dos canis e comprovante de vermifugação (menor ou igual a seis meses) e pacientes com prognóstico reservado e sem previsão de alta e/ou com longo período de internação (maior que sete dias) e sem previsão de alta, que expressem o desejo de ver animais de estimação. A contraindicação é para pacientes com dispositivos (traqueostomias e outras ostomias); CVC (Cateter Venoso Central), SVD (Sonda Vesical de Demora) e drenos; Neutropênia<500; úlceras de pressão; ferida operatória e diarreia não contida.

Entre os vários procedimentos do tutor do animal antes da visita estão a apresentação do atestado veterinário de saúde animal, com carimbo e assinatura do profissional médico veterinário; cópia da carteira vacinal do animal e comprovação do banho do pet, além de providenciar protetores para as patas, evitando o contato com o chão do hospital e evitar visitas longas para não estressar o animal. Durante a visita foi oferecido álcool a 70 % para os pacientes que desejaram acariciar o animal, antes e após o toque.

Benefício

Desde as antigas civilizações a.C. há relatos do uso de animais para benefício humano. Admite-se que felinos tenham sido introduzidos voluntariamente pela população neolítica, assim como aconteceu com outros animais, como vacas, cabras, ovelhas, raposas, porcos e veados.

Os gatos tinham a função de controlar a população de ratos que atacava as plantações de cereais do Chipre e do Oriente Médio e é provável que sua domesticação tenha começado entre 12 e 14 mil anos atrás, pois existem evidências de que ratos já proliferavam nos locais de armazenagem de cereais nesse período (VIGNE et al., 2004).

A domesticação de outros animais já foi identificada anteriormente. Em Israel, por exemplo, foram encontrados, enterrados ao lado de humanos, esqueletos intactos de cães em sítios arqueológicos de mais de 12.500 anos (PENNISI, 2002). Outro animal de fundamental importância na história do homem é o cavalo. Durante a Idade do Bronze e do Ferro foi fundamental nas atividades de pastores nômades da Eurásia e acompanhou a evolução das sociedades humanas desde sua domesticação, provavelmente em 3.500 a.C. Antes do desenvolvimento de armas de fogo, ele foi importante instrumento de guerra e antes da invenção da máquina a vapor ele era o meio de transporte terrestre mais rápido e confiável (LEVINE, 1999).

A TAA foi utilizada intuitivamente por William Tuke, em 1792, no tratamento de doentes mentais. A equoterapia, uma modalidade TAA, teve seus primeiros relatos como tratamento médico no século XVIII, com o objetivo de melhorar o controle postural, a coordenação e o equilíbrio de pacientes com distúrbios articulares (De PAUW, 1984).

No Brasil, a médica veterinária e psicóloga Hannelore Fuchs coordena importante projeto de TAA em São Paulo, denominado “Pet Smile”, há quase dez anos. Tendo fundado a Abrazoo (Associação Brasileira de Zooterapia) essa profissional, com a ajuda de voluntários, tem atuado no sentido de proporcionar interação dos animais (cães, gatos, coelhos) com crianças e adolescentes de hospitais ou instituições. Há bons profissionais da área da saúde que se interessam pelo tema, mas não têm conhecimento sobre os animais. Por outro lado, há profissionais da medicina veterinária que conhecem bem o animal, mas sabem pouco sobre os seres humanos (JULIANO et al., 2007).

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