Performer Rio-Pretense circula por cinco cidades paulistas com projeto que valoriza suas histórias

A artista plástica e performer rio-pretense Elissa Pomponio, do coletivo Robo.art, inicia, neste mês de julho, as ações do projeto “Influente: cartografias subjetivas”, uma obra de site specific que circulará por cinco cidades paulistas por meio de fomento viabilizado pelo Programa de Ação Cultural (ProAC), da Secretaria Estadual de Cultura e Economia Criativa. Envolvendo performances e exposições, “Influente” tem como objetivo estimular nas pessoas a construção de um olhar desautomatizado para o cotidiano das cidades, bem como para as histórias ligadas às origens desses lugares.

Além de Elissa, participam do projeto os artistas Vinícius Dall’Acqua (Robo.art) e Jeff Telles (Agrupamento Núcleo 2), que também realizarão performances. A proposta dos artistas é de imergir no cotidiano dessas cidades e, partir daí, captarem o seu cotidiano, levando em consideração elementos quase sempre ignorados durante a rotina diária. Também integram o projeto Gustavo Arão (desenvolvedor tecnológico e programador) e Leonardo Bauab (cenógrafo).

Segundo a artista rio-pretense, a ideia de uma “cartografia subjetiva” tem como marca fundamental a tradução da cidade por meios não cartesianos, relativizando-se, desse modo, a lógica urbana e priorizando um olhar para as múltiplas camadas presentes nessas territorialidades. “O projeto tem como objetivo um reconhecimento da cidade para além do seu cotidiano e, para isso, acredito que é preciso se permitir atravessar por esse espaço. A ideia, então, e se conectar com cidade e pensá-la a partir das relações sempre complexas entre sociedade, espaço físico e memórias imateriais”, afirma Elissa.

Para a construção de sua exposição performativa, a performer escolheu seis cidades de São Paulo – Bauru, Cubatão, Ilhabela, Rubineia, São José do Rio Preto e Votuporanga –, priorizando elementos culturais, sociais, artísticos, ambientais e históricos de cada uma delas. Durante o período de imersão em cada cidade, os artistas buscarão coletar imagens, sons e informações que, em seguida, os auxiliarão na construção de uma apresentação em um local público.

Nessas apresentações em locais públicos, a artista, de olhos vendados, desenha sobre um rolo de papel de 50 metros enquanto ouve os sons captados anteriormente por Dall’Acqua e Telles pela cidade, numa performance que busca suscitar o olhar das pessoas para aspectos esquecidos dos lugares onde moram. O resultado dessas performances será formatado em uma exposição que posteriormente circulará por Bauru, São José do Rio Preto e Votuporanga.

Os integrantes do Robo.art destacam que “Influente: cartografias subjetivas” contribui para a popularização das artes performáticas no território paulista, acessando o público a partir de aspectos relacionados à sua própria realidade e propondo uma reconexão com sua história e a história de seu lugar. “Muitas dessas cidades são importantes do ponto vista cultural, e trazer a cena performática é um instrumento importante de reconhecimento do papel delas na consolidação das artes multimídias no interior. Um bom exemplo é Rio Preto, sede de um festival internacional de teatro e que se mostra promissora para o surgimento de outros coletivos de performance”, destaca Elissa.

(Re)construindo imagens urbanas

A escolha das cidades que compõem o projeto “Influente: cartografias subjetivas” não foi aleatória. Pelo contrário, segundo Elissa, cada uma foi escolhida por razões muito específicas no que diz respeito a elementos de sua História. Além disso, a artista levou em consideração aspectos como relevância cultural e relação entre homem, natureza, monumentos urbanos, memórias materiais e imateriais.

São José do Rio Preto foi escolhida pela sua relevância no cenário cultural e econômico do interior paulista. Maior cidade do noroeste do Estado, ela se destaca pelo conjunto de ações artísticas, especialmente as ações teatrais. Para Elissa, alguns outros elementos chamam a sua atenção para Rio Preto: a manutenção de valores culturais do interior, a despeito de seu crescimento e de seu cosmopolitismo; a retomada da história da cidade, que vai sendo retomada a partir da iniciativa de vários cidadãos. Rio Preto se definiu historicamente, enfim, como uma espécie de encruzilhada onde se encontram as mais variadas culturas. Esse é um caráter que ainda permanece na cidade.

A História e os elementos que povoam o imaginário popular também influenciaram a escolha das cidades. É o caso de Rubineia, na região do Rio Paraná, que teve sua antiga sede inundada quando da fundação da usina hidrelétrica de Ilha Solteira, em 1973. Rubineia ressurge, então, em outro ponto do território e guarda a memória da cidade submersa sobre o lago da hidrelétrica.

Acontecimentos históricos também levaram à escolha de Bauru, no centro-oeste paulista. Cidade com cerca de 400 mil habitantes, Bauru é conhecida pelo seu desenvolvimento econômico e social. No entanto, traz em sua história o genocídio de três etnias indígenas (Guaranis, Kaingangs e Xavantes) que viviam no território onde hoje esta situada, o que recentemente suscitou uma série de discussões acerca da memória e da ancestralidade na sociedade.

Votuporanga trata de uma História que tem uma curiosidade fundiária que a diferencia da maioria das cidades escolhidas. Em vez de colonizada a partir da invasão e apropriação de territórios de povos originais, a cidade nasce de um território cedido a uma empresa alemã como pagamento de dívidas. Essa empresa revende lotes e, desse modo, constrói uma cidade.

Cubatão, por sua vez, é escolhida pela recente disseminação pela mídia dos problemas ambientais e sanitários vivenciados pela sua população. Tida como um território em que poluição e desmatamento eram problemas centrais, a cidade é vista por Elissa como um espaço a refletir sobre formas de urbanidade e de inserção humana.

Ilhabela finaliza as performances por se mostrar um espaço tanto de disseminação cultura quanto de preservação ambiental. A ideia de contraponto dos sons e imagens naturais do munícipio-ilha, voltado à preservação ambiental, com as outras cidades, especialmente as urbanizadas Rio Preto, Bauru e Cubatão, é um traço importante que a artista destaca.

Sobre a artista

Elissa Pomponio é artista visual, design gráfica e produtora cultural, atua no agrupamento Robo.Art desde 2018, desenvolvendo projetos artísticos que exploram interligações de linguagens. Aprofundou-se na cena artística através do audiovisual e das artes plásticas, de onde emergiu o interesse em iniciar seu primeiro experimento performático, que mescla técnicas de contorno cego, audiovisual e tecnologia. Sua pesquisa visual é embasada na busca de texturas e materiais para criações artísticas, explorando movimentos antiestéticos, limítrofes e transpassados.

“Influente: cartografias subjetivas” é seu primeiro projeto autoral, realizado através do Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, com recursos do Programa de Ação Cultural (ProAC) por meio do Edital Expresso Direto 38/2021 – Fomento direto a Projetos Culturais – modalidade 13 – Projetos especiais (primeiras obras, experimentações e publicações).

Influente: cartografias subjetivas – Programação

10/07 a 13/07/2022 ­– Rubineia

Apresentação da performance na Praça da Matriz no dia 13/07, às 20h

14/07 a 17/07/2022 – Votuporanga

Apresentação da performance no Parque da Cultura no dia 17/07, às 20h

20/07 a 23/07/2022 – São José do Rio Preto

Apresentação da performance no Graneleiro (Swift) do Festival Internacional de Teatro no dia 23/07, às 22h30

24/08 a 27/08/2022 – Bauru

Apresentação da performance no dia 27/08, em local a ser definido

13/10 a 16/10/2022 – Cubatão

Apresentação da performance no dia 16/10, em local a ser definido

18/10 a 21/10/2022 – Ilhabela

Apresentação da performance no dia 21/10, em local a ser definido

Mais informações:

Instagram: @elisacomdoiss

Instagram: @robo.art.br

Fonte: Assessoria de Imprensa/Harlen Félix