Menino pedinte – Uma história fascinante

 

A notícia bombou na internet no final do ano passado, mas o episódio na realidade aconteceu muito antes, mais precisamente em 2016, em Santo Antônio da Platina, norte do Paraná. Como o país está carente de bons exemplos, principalmente nos dias atuais em que o noticiário é quase todo tomado por denúncias de desvios, corrupção, feminicidos, balas perdidas e tantas outras mazelas do cotidiano, ler a história do “Geninho” [nome fictício],  é um deleite pra alma e um arquétipo que reforça a tese de que “nem tudo está perdido”. No texto, acompanhado de uma foto das mãos do menino devolvendo R$2, o funcionário João Candido da Silva Neto, da COPEL, relata que foi fazer a “atividade desagradável” de cortar a energia da família de baixa renda, que vivia em uma casa torta de madeira. Quando saía, foi abordado pelo menino, que pediu R$ 1. – “Sem moedas no bolso, abri a carteira e encontro uma solteira nota de 5 reais… Entrego pro menino e ordeno: – É pra você repartir com suas irmãzinhas”, contou Neto. Como a conta foi paga, o eletricista voltou no fim da tarde para religar a energia e foi recebido pelo menino. – “Ainda bem que você veio!”, exclamou a criança, entregando R$2 para o eletricista. “Naquele instante, ao me devolver 2 reais, “Geninho”  estava me mostrando o maior exemplo de honestidade e responsabilidade que eu já tinha visto na vida”, relatou. Após a repercussão da história nas redes sociais, muita gente está mandando mensagens para Neto dizendo que quer ajudar a família. Por isso ele fez uma nova visita e contou que voltou a se emocionar. “O pai disse que não precisa levar nada para eles, que tem gente que precisa mais”, disse o eletricista. Mas, segundo Neto, a situação da família é complicada, já que o casal está desempregado. “Não são só duas contas de luz atrasadas”, explicou. O pai tem problemas cardíacos e não pode fazer muito esforço, e a mãe também está doente, conforme disse o eletricista. De acordo com Neto, funcionários da Copel que fazem voluntariado estão verificando uma forma de organizar as doações para que cheguem até a família.  – “Eu estou muito feliz, estou transbordando de felicidade”, comemorou o eletricista, que também faz trabalho voluntário e escreve contos e crônicas de fatos do dia a dia. No encontro daquela quinta-feira, ele disse que conheceu melhor a família e, diferente do que escreveu no Facebook, informou que o casal tem três filhos, uma menina e dois meninos. No dia em que ele foi até lá para cortar a energia, estavam na casa o menino, o irmão e a irmã. A seguir, o diálogo reproduzido pelo Neto: “Você vai cortar a luz, moço? Perguntou a mulher sentada num banco de madeira, acompanhada por 3 crianças descalças. – Sim, respondi. – Tudo bem, estou com duas atrasadas, mas só recebo dia 9. – Mas hoje é dia 9, ponderei. – Sério? – Sério, e se a senhora pagar hoje é só pedir a religação que antes das 6 eu volto! – Combinado, disse ela! Pra mim o “corte” é uma atividade desagradável, em qualquer circunstância, apesar de obrigatório, e se a família for pobrezinha é mais doído ainda: a tal atividade “culposa” (sem intenção de cortar!). Antes de sair, enquanto encerro o serviço no tablet, as 3 crianças se aproximam e pedem: – Moço, você tem 1 real? Sem moedas no bolso, abri a carteira e encontro uma solteira nota de 5 reais… Entrego pro menino e ordeno: – É pra vc repartir com suas irmãzinhas. Ele balançou a cabeça positivamente, e falou: “tábão”! Fui embora pensando nas crianças pidonchando, mas, vida que segue! Bem de tardezinha caiu a religação da casinha de madeira torta… Segui pra lá… Eu tinha o dever de devolver luz para aquela criançadinha, era, pra mim, o momento da redenção. Ao ouvir o barulho da camionete, todos saíram eufóricos. O menino (Eugênio) vem até mim e diz todo alegrinho: – Ainda bem que você veio! Pensei que tivesse feliz pela luz… Só que não… Ele abre sua mãozinha suja e suada e exclama: – Toma seu troco! Naquele instante, ao me devolver 2 reais “Geninho” estava me mostrando o maior exemplo de honestidade e responsabilidade que eu já tinha visto na vida. – Não, não quero troco… Era tudo de vocês! – Mas não era 1 real pra cada um? Perguntou! – Pode ficar pra vocês!”  O diálogo foi transcrito pelo próprio Neto que, ao final concluiu: – “Pois é, minha gente… No momento em que nosso país vive uma monstruosa crise moral, onde as instituições governamentais estão todas contaminadas pela ladroagem, rapinagem, farolagem e corrupção, me aparece um menino todo sujo e me faz crer que nosso país ainda tem jeito!”  Como se vê, nem tudo está perdido!

                                                                  advogado tributário

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