CHOCOLATE DO PADRE E OUTRAS HISTÓRIAS

Sabe aquele produto cujo rótulo resiste ao tempo e se mantém inalterado ao longo de décadas e até séculos? Não são muitos, mas eles desafiam a concorrência e as inovações.  Um bom exemplo é o  “Bom Bril”, nome simples criado para batizar a marca da esponja de aço.

Foi instituído  a partir da mistura das palavras bom brilho, expressão que visava enaltecer as qualidades da própria lã de aço. A marca começou a ganhar enorme visibilidade no país em 1978, com a criação pelo genial Washington Olivetto, do Garoto Bombril, interpretado pelo ator Carlos Moreno. Costuma-se dizer que essa esponja de aço pode ser encontrada desde o mais rico palacete até na humilde cabana de pescador na beira do rio.  

Outro exemplo clássico –  “Maizena”,  o amido de milho criado nos Estados Unidos em 1854, por  Wright Duryea. Com a sua caixinha amarela, esse produto é conhecido em nosso país desde 1874, quando passou a ser  importado dos Estados Unidos e aqui registrado em  1889. O nome “Maizena” é uma referência à palavra maíz, que significa milho em espanhol.

A popularidade da “Maizena” levou a Corn Products Company (CPC), que controla a marca,  a montar sua primeira fábrica em São Paulo em 1930, criando a sua subsidiária “Refinações de Milho Brasil”, mas mantendo a embalagem original há quase 150 anos. Ah, tem também o fermento químico “Pó Royal”, conhecido nos EUA desde 1866, que somente chegou por aqui em 1923, importado daquele país.

A partir da década de 1930, passou a ser fabricado no Brasil,  mantendo a mesma embalagem e estampa e desde 2000, a marca é administrada pela Kraft Foods. É claro que nesse rol não poderia ficar de fora a história do leite condensado da Nestlé,  que chegou ao Brasil em 1890, em embalagem que trazia estampada uma camponesa – daí o nome “Leite Moça”, a mesma que se mantém até hoje.

Mas,  o leite condensado só ficou tão popular em nosso país por causa da invenção do brigadeiro. Em 1945, Eduardo Gomes, um Brigadeiro da Aeronáutica, concorria à Presidência da República. Para ajudá-lo, eleitoras misturaram chocolate ao leite condensado, criando um doce que era vendido para arrecadar dinheiro para a campanha. O brigadeiro Eduardo Gomes perdeu as eleições e ninguém se lembra dele, mas o docinho, além de famoso,  é dos mais populares do país. Daí em diante, o leite condensado ganhou espaço em diversas outras receitas, como o também delicioso pudim feito com ele, que é um verdadeiro manjar dos deuses.  Todavia, a  história mais fascinante é a dos dois frades da Nestlé, que tornou conhecido o famoso “Chocolate do Padre”.

Desde o lançamento, o chocolate em pó Gardano era conhecido tradicionalmente entre os consumidores como o “Chocolate do Padre”. A Gardano, fundada em 1921, na cidade de São Paulo, fabricava também o Mentex, lembra-se dele? Existe até hoje com o mesmo sabor.

 Em 1957, a suíça Nestlé comprou a Gardano e,  apesar da mudança de nomes, a Nestlé manteve a imagem dos dois frades para ilustrar a embalagem do chocolate em pó. Na verdade, a imagem dos dois frades reproduz uma das telas do pintor italiano Alessandro Sani, nascido em Florença(1870-1950), na segunda metade do século 19 e conhecido por seus quadros, que são verdadeiras sátiras à vida doméstica e o dia a dia dos frades. O quadro (O Prato Favorito/Testando a Receita), um óleo sobre tela, onde dois frades provam um prato(frango com batatas),  era justamente uma das pinturas mais prediletas do antigo dono da Chocolates Gardano e serviu de inspiração para a embalagem do chocolate em pó produzido pela sua empresa.

Quanto ao quadro,  apesar de comentários de que alguém possui o original, documentado inclusive, o fato é que o quadro nunca foi vendido e continua em posse da família Gardano,  que  nunca se interessou em contestar algo, pois guarda o quadro pela importância sentimental e as lembranças que o mesmo traz do homem genial que foi Paulo Gardano. Algumas coincidências e curiosidades sobre os produtos descritos: Todos possuem nome de fácil pronúncia em qualquer língua; todos mantiveram o rótulo original desde o lançamento; três deles foram lançados no século XIX nos Estados Unidos e são produtos alimentícios; dois deles possuem nomes simples e dois nomes composto e, finalmente nenhum deles é anunciado na mídia, principalmente televisa, talvez porque a marca se tornou sinônimo do produto.      

Fontes:https://www.propagandashistoricas.com.br; https://www.unilever. com. br/ Images/historia-maizena; https:// www.milkpoint. com.br/artigos;

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