Um pequeno ensaio sobre AMIZADE

Amizade é uma coisa muito complicada. E sempre muito delicada também. É comum escutarmos e mesmo dizermos que alguém é nosso amigo e nem mesmo nos darmos conta do possível engano que estamos cometendo ou ouvindo.

Uma amizade só pode ser conseguida se construída aos poucos, sendo alimentada homeopaticamente com gotas de presença e conversas. Atitudes principalmente. Inicialmente tem que haver empatia, fluir uma certa simpatia e, porque não dizer, uma concordância de opiniões.

Antigamente amigo era coisa muito séria. Continua sendo até hoje. Pelo que sabemos, os endossos eram comuns, independentemente dos valores, e se acreditava cegamente no amigo. Grandes fortunas foram perdidas por uma assinatura de aval para o “melhor amigo”, e também muito ódio aconteceu pela decepção de supostas amizades.

É engraçado nos considerarmos amicíssimos de alguém e não nos determos um segundo que seja para pensar que esse alguém pode não ser tão amigo nosso quanto imaginamos. Temos a certeza absoluta que todos nos amam , nos odeiam ou nos consideram de forma totalmente indiferente, na mesma proporção em que o sentimos por eles. Grande engano! Raramente a intensidade é a mesma nas mãos de ida e volta. Nunca se sabe o quanto se é querido, apenas se supõe e geralmente errado.
É um risco colocarmos amigos à prova, porque poderemos ter grandes decepções, ou quem sabe, alegrias. Será que vale a pena fazermos o teste? Tente quem quiser.

Nunca foi tão feliz o termo “amizade canina”, porque talvez seja a única forma de amizade que não tem cobranças e o cachorro não exige nada do dono, apenas uns poucos afagos . No caso o erro é dele, que pensa que seu “dono” gosta tanto dele, quanto ele do dono…

Na verdade, após a experiência de uma vida mais ou menos longa, a gente entende que uma verdadeira amizade existe, mas deve ser tratada como um tesouro, como algo que nenhum dinheiro do mundo pode pagar.

Deve ser tratada como um cristal, como uma flor muito delicada , sempre protegida e cuidada com carinho e muito mais, com muito amor e, principalmente, respeito.

Uma convivência de muitos anos, nem sempre passa de um bom companheirismo. Isto é comum em clubes de serviço, no trabalho, enfim, em situações em que as pessoas se reúnem com freqüência semanal ou talvez quinzenal, mas é muito diferente de uma amizade real. Não resiste a uma discordância de opiniões, a uma simples palavra mal colocada, uma cobrança por menor que seja, ou mesmo a uma fofoca maldosa. Nestes momentos se esquece que “somos amigos”, que existe uma coisa chamada tolerância, perdão, compreensão. Esquece-se até da convivência de uma vida juntos… Para alguns, um ano, dois, seis ou mais pode ser uma vida…e nem sempre, infelizmente, isto tem algum valor.

No nosso dia a dia a gente se vê transformado de mocinho em bandido em um instante, sem nem mesmo saber o porquê… E o pior é que temos uma grande simpatia pelo nosso grande novo inimigo e absolutamente não temos nada contra ele. E às vezes nem mesmo sabemos o que aconteceu. É o exemplo típico de que a amizade não era da mesma intensidade dos dois lados.

Finalmente, não existe forma de amizade que sobreviva a falta de entendimento de que todos nos somos iguais, e portanto o que não é bom para um, não é bom para ninguém. Se quisermos ser aceitos como somos, temos que ter o bom senso de também aceitar nossos amigos, e não só eles, mas todos os nossos semelhantes, como eles são.

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